Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta quarta-feira (5), a tentativa de absolvição de indivíduos envolvidos na tentativa de golpe de Estado no Brasil. Durante uma entrevista a rádios de Minas Gerais, Lula afirmou que aqueles que tentaram dar o golpe não merecem anistia antes do devido processo legal ser concluído.

(Foto: Jose Cruz/Agência Brasil)
“As pessoas são muito interessantes. Nem terminou o processo e já querem anistia, ou seja, não acreditam que são inocentes? Deveriam acreditar que são inocentes e não pedir anistia antes do juiz determinar punição e se vai ter punição. O que nós estamos garantindo é um processo de julgamento altamente democrático com todo direito de defesa. Agora, quando as pessoas nem foram condenadas e estão pedindo anistia é porque estão se condenando. Primeiro espera o julgamento, se defendam. Vai ter condenação ou não, vão ter o direito de defender”, disse Lula.
Ele questionou a postura de parlamentares e outros envolvidos que, antes mesmo da conclusão do julgamento, já pedem pela anistia. Lula enfatizou que todos têm direito a um julgamento justo e ao direito de defesa, mas a decisão sobre a absolvição ou condenação deve ser tomada pela Justiça.
“Haverá o direito de defesa que nunca houve para mim. Para ele [Bolsonaro] vai ter. E se a Justiça entender que ele pode concorrer às eleições, ele pode concorrer. E se for comigo vai perder outra vez. Não há possibilidade de a mentira ganhar uma eleição nesse país. Estou muito tranquilo em relação a isso. Quem vai decidir o processo é a Justiça. Eu acho que quem tentou dar um golpe, quem articulou inclusive a morte do presidente e do vice-presidente, do presidente do Tribunal Eleitoral, não merece absolvição. Eu acho. Por menos do que eles fizeram, muita gente no Partido Comunista foi morta”, completou.
Lula também fez referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro, argumentando que a verdade prevalecerá nas urnas e que, caso ele concorra novamente, perderia de novo. O presidente rechaçou qualquer tipo de absolvição para aqueles que, segundo ele, articularam o ataque aos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, um evento que classificou como um ataque à democracia.
Além disso, o novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), comentou que a pauta de um possível projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro será discutida com cautela, e a decisão de pautar a votação ficará a cargo do colégio de líderes da Câmara, com o objetivo de evitar mais tensões entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.