Manaus – As revelações que vieram à tona em decisão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Francisco Falcão, após as investigações da Polícia Federal (PF) e da Procuradoria Geral da República (PGR) na Operação Sangria mostram as articulações envolvendo a deputada estadual Alessandra Campelo (MDB) para arquivar o impeachment do governador Wilson Lima, nos bastidores da Comissão Especial do processo que arquivou o pedido de afastamento do chefe do Executivo.
Em 10 de julho, o GRUPO DIÁRIO DE COMUNICAÇÃO (GDC) mostrou uma manobra de Alessandra Campelo para adiar escolha do presidente da Comissão. Na época, a mais ferrenha defensora do governo estadual na ALE se articulava para assumir a presidência do colegiado. A reportagem do GDC apontou que a atuação parlamentar da deputada deveria ser de blindar o governador Wilson Lima.

Em 10 de julho, o GDC mostrou uma manobra de Alessandra Campelo para adiar escolha do presidente da Comissão (Foto: Alberto César Araújo/ALE)
A manobra para presidir a Comissão e ‘livrar’ o governador deu certo e, em 1º de agosto, o pedido de impeachment sobre duas denúncias de improbidade administrativa foi arquivado.
Nesta sexta-feira (9), o GDC publicou matéria informando que articulações envolvendo a deputada estadual Alessandra Campelo (MPD), membros do primeiro escalão do Executivo Estadual e ex-secretário da Secretaria de Estado de Saúde (SES) foram responsáveis por ‘assar a pizza’ que engavetou o processo de impeachment.
Segundo inquérito da Polícia Federal, uma reunião em 20 de maio selou acordo que levou Alessandra Campelo a presidência da Comissão Especial do Impeachment na Assembleia Legislativa do Estado (ALE). O encontro contou com a presença do vice-governador Carlos Almeida Filho. Na presidência, a deputada da base aliada articulou junto a demais parlamentares e livrou Wilson Lima do impeachment.
Relações
Pedido enviado pelo Ministério Público Federal para o STJ comprova a relação próxima entre o governador Wilson Lima e o empresário Gutemberg Alencar, preso na 2ª fase da Operação Sangria, deflagrada na quinta-feira (8).
A Operação Sangria da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) apura a participação da cúpula do governo do estado do Amazonas, nesse esquema criminoso, na compra e venda de vinte e oito ventiladores pulmonares pelo governo do estado durante a pandemia de covid-19. Um dos apontados é o chefe do estado, Wilson Miranda Lima.
Na mesma época das articulações para a compra dos respiradores que foi em abril, o SPA da Alvorada, em 24 horas, registrou dez mortes. O médico que estava de plantão no dia 17 de abril, falou com a imprensa e afirmou que pacientes morreram por falta de ventiladores e oxigênio.
“A população culpa os médicos pela morte, mas não somos. Estamos aqui trabalhando com seriedade durante a pandemia de Covid-19, mas precisamos de mais combatentes e sérios, que é a parte de gestão”, relatou o médico.