Troca-troca de secretários dificulta ações do governo estadual

Governo teve mudanças nas secretarias de Educação, Justiça, Direitos Humanos e Cidadania, e do Trabalho, no Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável e na Casa Civil

Manaus – Três meses após anunciar o secretariado da sua administração e afirmar que não tinha influencia política nas escolhas, o governador Amazonino Mendes (PDT) já trocou nomes em cinco secretarias do Governo e trata as mudanças como um processo natural. Deputados de oposição afirmam que o problema na administração não está apenas na troca de secretários, mas sim pelo fato do Executivo ainda não ter apresentado um Plano de Governo ou uma reforma administrativa concreta.

As mudanças que ocorreram até o momento foram na Secretaria de Estado da Educação (Seduc) onde José Augusto de Melo Neto foi exonerado e Lourenço Braga foi nomeado; na Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) saiu Clizares Doalcei Silva de Santana e assumiu o controlador-geral do Estado, Arthur Zahlut Lins, que vai acumular a controladoria e o cargo na Sejusc; na Secretaria do Trabalho (Setrab) Dallas Filho deixou o cargo e ainda não tem um substituto; no Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado (Idam), João Campelo foi exonerado e Luiz Carlos Filho foi nomeado; Sidney Leite foi exonerado da Casa Civil e quem assumiu foi José Alves Pacifico.

Amazonino “As trocas são um processo natural” e não existe nenhum planejamento para troca de secretariado no futuro (Foto: Secom/Divulgação)

 

A deputada Alessandra Campêlo (MDB) disse que o Governo deve continuar os projetos independentemente de quem são os secretários. No entanto, ela criticou o Executivo por, até o momento, não mostrar, no papel, um Plano de Governo para ser executado durante este mandato ‘tampão’, de apenas 14 meses.

“Ele (Amazonino) diz que tem uma reforma administrativa para fazer no Amazonas, mas isso ainda não foi enviado para a Assembleia. Independente de quem seja o secretário da Casa Civil, se existe um Plano de Governo, o projeto continua. Não se pode personalizar isso. Se formos ver, há sempre uma equipe por trás. Mas onde está esse Plano de Governo?”, questionou a parlamentar.

Ela afirmou que há uma expectativa do Legislativo para a leitura da Mensagem Governamental, que vai acontecer na Assembleia Legislativa do Estado, no dia 1º de fevereiro.

“Vamos ver o que ele vai dizer na leitura da mensagem governamental. O balanço dos últimos meses e o que ele espera desse ano. Não é momento de mostrar a cara das pessoas que estão no governo, mas, sim, o plano que está no papel para ser executado. Sinto mais falta disso do que de pessoas que querem usar a máquina pública”, enfatizou.

De acordo com a deputada, a mudança que, na opinião dela foi mais prejudicial, foi a da Secretaria de Educação. “Na Educação senti um problema grande e a mudança de secretário trouxe esse problema. Não estou dizendo que o atual secretário é incompetente, mas sinto que essa área crítica está diferente”, completou.

O deputado Luiz Castro (Rede) afirmou que Amazonino compôs a maioria do secretariado de pré-candidatos. Segundo ele, o governo não apresenta um plano concreto para o Estado e comete, na visão dele, o erro de não ter um projeto para os próximos meses.

“O governador Amazonino não trouxe nenhum plano completo ou qualquer planejamento. Apenas fez as promessas de campanha e disse que vai arrumar a casa, além do slogan Amor à Causa Pública. Não é um governo planejado. Foi composto de forma heterogênea e é feito por muitos pré-candidatos. Ele não deveria ter nomeado essas pessoas que vão sair para a candidatura. Foi uma falha grave. Foi negativo e toda a mudança resulta na dificuldade de continuidade”, criticou.

Líder do governo

De acordo com o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Dermilson Chagas (PEN), as mudanças não prejudicam a administração, pois, segundo ele, os secretários que entraram há três meses para fazer um levantamento e diagnósticos da secretaria.

“Como já é de público, o governador Amazonino Mendes pediu para saírem aqueles que pretendem concorrer a algum cargo nas eleições deste ano, para não usarem a administração pública em favor deles. Agora, o governador está botando pessoas substitutas que possuem experiência e capacidade para administrarem uma pasta no governo. Então não prejudica”, disse.

O cientista político Helso do Carmo Ribeiro explicou que se o Executivo trabalha com projetos e um Plano de Governo, a mudança de pessoal não altera no futuro do Estado, mas se estiver trabalhando em cima de figuras, o direcionamento do Estado será diferente e muitas mudanças poderão prejudicar o Amazonas.

“Um exemplo são metas. Se o Estado trabalha com metas para a Educação o projeto continua independente do secretário, mas se o governo estiver focado nesses gestores esse projeto não terá continuidade. É importante trabalhar com planos e não pensando em pessoas que estão nos cargos”, disse.

Ele afirmou, ainda, que projeta mais mudanças na administração pública no mês de abril. Segundo o cientista político, algumas dessas mudanças serão feitas visando uma continuidade do Executivo e as eleições que ocorrerão neste ano.

“Quem quiser ser deputado federal, estadual ou senador, deve se desincompatibilizar do cargo até o mês de abril. Se eu tivesse que apostar eu diria que alguns vão abandonar o barco para serem candidatos”, afirmou.

Por meio da Secretaria de Estado de Comunicação, o governador Amazonino Mendes informou que entende que “as trocas são um processo natural” e que não existe nenhum planejamento para trocas de secretariado no futuro.

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