São Paulo- A gestação é um período de intensas transformações no corpo da mulher, o que exige um maior esforço do coração e do sistema circulatório. Para gestantes com cardiopatia, essa fase pode trazer riscos adicionais, tornando essencial o acompanhamento médico especializado.

(Foto: Reprodução Freepik)
Além disso, condições como a pré-eclâmpsia, que é caracterizada pelo aumento da pressão arterial e pela presença de proteínas na urina, e a síndrome de HELLP, uma complicação grave que afeta o fígado e as plaquetas, podem agravar o quadro e aumentar os riscos tanto para a mãe quanto para o bebê.
De acordo com o cardiologista Osmar Calil, especialista em cardiopatia na gravidez, “durante a gestação, o volume sanguíneo da mulher aumenta cerca de 50%, o que pode sobrecarregar o coração. Em pacientes com doenças cardíacas pré-existentes, essa sobrecarga pode gerar complicações graves se não houver um controle rigoroso”.
Tipos de Cardiopatia na Gravidez
As cardiopatias podem ser congênitas (presentes desde o nascimento) ou adquiridas ao longo da vida. Entre as doenças que demandam maior atenção estão a insuficiência cardíaca, as arritmias e a hipertensão pulmonar. Essas condições exigem um acompanhamento cuidadoso durante toda a gestação.
A pré-eclâmpsia afeta entre 5% e 8% das gestações, sendo mais comum em mulheres com hipertensão crônica, histórico familiar de doenças cardíacas ou problemas prévios com a pressão arterial. Os principais sintomas incluem aumento súbito da pressão arterial, inchaço excessivo, dor de cabeça intensa e visão turva.
“Se não for diagnosticada e tratada adequadamente, a pré-eclâmpsia pode evoluir para eclâmpsia, uma condição grave que pode resultar em convulsões e risco de morte tanto para a mãe quanto para o bebê”, alerta o médico.
A síndrome de HELLP é uma complicação da pré-eclâmpsia, caracterizada por hemólise (destruição das células vermelhas do sangue), aumento das enzimas hepáticas e baixa contagem de plaquetas. “Essa síndrome pode causar danos graves ao fígado, aumentando o risco de sangramentos internos. É uma emergência obstétrica e, em muitos casos, pode exigir parto imediato para preservar a vida da mãe e do bebê”, explica o especialista.
A detecção precoce da cardiopatia e da pré-eclâmpsia é fundamental para o planejamento adequado dos cuidados. “Mulheres com doenças cardíacas devem procurar um planejamento pré-gestacional com o cardiologista e o obstetra, para avaliar os riscos e definir estratégias seguras para a gestação”, orienta Osmar Calil.
Durante a gravidez, exames como ecocardiograma e eletrocardiograma são essenciais para monitorar a saúde do coração da mãe e o desenvolvimento do bebê. Em alguns casos, a internação pode ser necessária para um controle mais rigoroso dos sintomas.
Cuidados Essenciais
O tratamento da cardiopatia na gestação varia conforme a gravidade do quadro. Em muitos casos, a gestação pode ser levada até o final com medicações controladas e ajustes na rotina da paciente.
Entre as recomendações médicas mais comuns estão o acompanhamento multidisciplinar, o monitoramento rigoroso da pressão arterial para evitar picos hipertensivos, uma dieta equilibrada e o controle do ganho de peso, prevenindo a retenção excessiva de líquidos. Além disso, o uso de medicamentos seguros para controle da hipertensão, sempre sob orientação médica, e o repouso adequado, quando necessário, são fundamentais para reduzir o estresse e evitar sobrecarga cardíaca.
Com um acompanhamento adequado, muitas mulheres com cardiopatia podem ter uma gestação saudável e segura tanto para elas quanto para o bebê. O acompanhamento contínuo e o ajuste das medidas médicas são essenciais para garantir uma gestação bem-sucedida, minimizando os riscos associados a essas condições.