São Paulo – Um estudo realizado no Brasil sobre o uso de inteligência artificial (IA) na seleção de implantes mamários foi publicado em setembro de 2024 na revista Plastic and Reconstructive Surgery (PRS), a mais conceituada publicação científica em cirurgia plástica e reconstrutora. Filipe V. Basile, cirurgião plástico de São Paulo, é um dos autores da pesquisa pioneira em aplicar algoritmos para prever com precisão o tamanho ideal de uma prótese mamária.
A definição do tamanho do implante é uma etapa importante porque impacta tanto no resultado do procedimento quanto na satisfação da paciente. E, na maioria das vezes, a escolha é baseada no julgamento subjetivo do cirurgião plástico e da paciente.
Intitulado “Using Machine Learning to Select Breast Implant Volume”, o estudo, que tem como autores os médicos Filipe Basile e Thaís Oliveira, analisou dados de 1000 pacientes brasileiras submetidas a cirurgias de aumento mamário. O modelo de IA, criado e treinado no Brasil, demonstrou uma precisão de 86% na previsão do tamanho do implante, com uma margem de erro média de 27,10 ml.
A pesquisa também indicou o potencial da IA em diminuir a necessidade de cirurgias de revisão. Em um grupo de pacientes que passaram por reoperação, 63% poderiam ter recebido um tamanho de implante mais adequado se as sugestões do modelo de IA tivessem sido seguidas.
“Este estudo marca um avanço significativo na prática da cirurgia plástica ao demonstrar a eficácia da inteligência artificial na seleção de implantes mamários,” explica o Dr. Basile. “Mais do que isso, o trabalho posiciona o Brasil na linha de frente da aplicação de IA na medicina, destacando nosso papel no desenvolvimento de soluções inovadoras. Claro que não substitui a decisão médica, mas é uma ferramenta aliada”, complementa o Dr. Filipe Basile.
Reconstrução mamária
Além das aplicações em cirurgia estética, o estudo considera o uso futuro desta tecnologia na reconstrução mamária pós-câncer. “Estamos explorando as possibilidades que a IA oferece não apenas para cirurgias estéticas, mas também para procedimentos reconstrutivos, como a reconstrução mamária pós-câncer”, diz o cirurgião plástico.