Novembrinho Azul: por que a Fimose em crianças merece atenção

Ao nascer, até 96% dos meninos apresentam fimose fisiológica, onde o prepúcio não é totalmente retrátil

Manaus – Em 2023 foi instituída no Brasil a Lei 14.694 que amplia a campanha Novembro Azul, tradicionalmente voltada aos homens, também para os meninos e jovens até 15 anos. O Novembrinho Azul chama a atenção para ações de proteção e promoção da saúde, destacando a necessidade do cuidado redobrado acerca de doenças que podem ter sérias consequências na vida adulta.

(Foto: Ilustrativa)

Além disso, a vacinação contra o HPV também é recomendada, pois protege os jovens antes mesmo do início da vida sexual.

A Fimose é uma doença comum na prática diária do Pediatra, Urologista e Cirurgião Pediátrico e ainda suscita discussões acerca de sua abordagem. É um problema médico encontrado tanto em crianças como em adultos, e caracteriza-se pela presença de um estreitamento prepucial distal, com ou sem aderências associadas, que dificulta ou impossibilita a exposição da glande.

“Ao nascer, até 96% dos meninos apresentam fimose fisiológica, onde o prepúcio não é totalmente retrátil devido às aderências naturais entre ele e a glande. Esse é um processo normal que protege a área contra a irritação da urina e fezes. Com o tempo, essas aderências se rompem por conta da descamação, queratinização da glande e formação de cistos de esmegma, permitindo a exposição gradual da glande. Por volta dos 3 anos, apenas 10% das crianças ainda apresentam fimose.” explica o cirurgião e urologista pediátrico do Sabará Hospital Infantil, Dr. Luciano Onofre.

Uma dúvida frequente que os profissionais de saúde costumam ouvir dos pais e cuidadores é sobre como cuidar do prepúcio dos filhos após o nascimento. “É importante orientar os pais e cuidadores de que a fimose em recém-nascidos e crianças pequenas é normal e não exige tratamento específico. Recomenda-se evitar puxar o prepúcio com “exercícios” ou “massagens”, pois isso pode causar microtraumas e até levar a uma fimose patológica devido à formação de cicatrizes.”

A postectomia, cirurgia para tratar a fimose, é uma prática antiga e comum, mas ainda envolve dilemas e controvérsias. Em países como os Estados Unidos, Canadá e em comunidades judaicas, é realizada no período neonatal por razões culturais, profiláticas ou religiosas, enquanto na maior parte do mundo é indicada apenas para casos de fimose patológica.

“A fimose patológica ocorre quando o prepúcio apresenta cicatrizes, formando um anel fibroso, espesso e esbranquiçado que impede a exposição da glande, frequentemente necessitando de intervenção cirúrgica. A postectomia também está indicada em outras condições, como obstrução urinária com balonamento do prepúcio, balanopostites recorrentes e em crianças com malformações do trato urinário, onde reduz a colonização bacteriana e o risco de infecções.” … explica o especialista.

A postectomia é uma cirurgia de pequeno porte realizada em hospital dia. As complicações são raras e geralmente leves, quando realizada por profissionais treinados.