Manaus – Os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde realizaram uma inspeção nesta quarta-feira (15) no Hospital Francisca Mendes, na zona norte de Manaus, e constataram graves irregularidades no local, desde falta de materiais para procedimentos cirúrgicos até ausência de profissionais especializados. O deputado estadual Wilker Barreto (Podemos) relatou que a unidade de saúde, considerada referência em cirurgias do coração na Região Norte, funciona com apenas 25% da sua capacidade e afirmou que o abandono do local por parte do Governo do Amazonas está causando mortes de pacientes que aguardam atendimento no hospital.

Barreto relatou que a unidade de saúde funciona com apenas 25% da sua capacidade (Foto: Divulgação)
Em reunião, os deputados da CPI detectaram problemas como a falta de materiais OPME (Órteses, Próteses e Materiais Especiais) para procedimentos de cateterismo e embolização de aneurisma, insumos farmacêuticos, e ausência de médicos infectologistas para gerenciar a Comissão de Infecção Hospitalar. Setores como a nefrologia e ressonância magnética e procedimentos de hemodiálise também não estão funcionando na unidade por falta de profissionais que prestam tais serviços.
“É estarrecedor a situação do Francisca Mendes. O problema aqui não é os profissionais do hospital, e sim deste governo que não prioriza vidas. Médicos clamando por melhorias, pacientes sem cirurgias porque não tem material. A própria secretária do Fundo Estadual de Saúde disse que o dinheiro está em caixa, mas culpou a burocracia para justificar o abandono. Se isso não é assassinato por negligencia, é o que? Eu fiquei indignado”, disse Barreto.
Em reunião, os deputados da CPI detectaram graves problemas na unidade hospitalar (Foto: Divulgação)
O parlamentar criticou a demora da transição da Unisol com a Secretaria de Estado de Saúde (Susam) pela gestão do Francisca Mendes.
“Como que este governo não se preparou para a mudança da Unisol para a Susam? Começaram em setembro do ano passado e até hoje o Francisca Mendes está sem empresa para prestação de hemodiálise. A gente vê médicos, enfermeiros e demais funcionários sem receber o mês de maio; pagamentos indenizatórios não pagos; falta tudo nesta unidade. Vou solicitar um requerimento para priorizar vidas. Este governo é burocrático, mas para a corrupção é rápido”, comentou Wilker, que irá solicitar requerimento na CPI pedindo o planejamento de 2019 da gerência da unidade. “Vamos confrontar o planejamento com a execução do serviço porque a problemática não é somente a empresa ter certidão negativa, e sim deixar os pacientes sem OPME”, finalizou o parlamentar.
Nota
Em nota enviada na tarde desta quarta-feira (15), a Susam informou que a capacidade operacional do Hospital Francisca Mendes reduziu em razão da pandemia do novo coronavírus, que priorizou os atendimentos emergenciais e postergou os procedimentos eletivos. A secretária informou também que assumiu a administração plena da unidade no dia 05 de junho e desde então vem trabalhando na normalização dos serviços.
Segundo a Susam, o Hospital Francisca Mendes está retomando gradativamente a sua capacidade operacional e ressaltou que, no primeiro mês da transição de gestão, alcançou 50% da quantidade de cirurgias cardíacas. Ainda conforme a nota, os demais serviços prestados pelo hospital mantiveram o atendimento emergencial no primeiro mês e a partir de agora a oferta será aumentada conforme planejamento.
A Susam também informou que desde segunda-feira (13) o abastecimento de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs) para a realização de cirurgias começou a ser reforçado na unidade. O abastecimento de medicamento está em 93% e de produtos químicos-cirúrgicos em 85%.
***Matéria atualizada às 16h33 para acréscimo da nota***