O número de crianças brasileiras de até dois anos internadas por Covid-19 em 2022 também é alarmante, pois já superou em 21,3% o total registrado no ano passado, o que contraria a tendência de queda de hospitalizações nas demais faixas etárias.
De janeiro até o início de dezembro, 11.144 crianças de até dois anos foram hospitalizadas com Covid, segundo dados do Sivep-Gripe (Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe). Em todo o ano passado, foram 9.181 registros.
Uma das explicações para ambas as situações é que a imunização de crianças contra a doença ainda não atingiu o ritmo esperado e conta com restrições. Segundo o Vacinômetro Covid-19, do Ministério da Saúde, apenas 7 em cada 100 crianças de três e quatro anos tiveram acesso a duas doses da vacina.
Essa faixa etária conta com 5,9 milhões de crianças, mas apenas 1.083.958 tomaram a primeira dose do imunizante que combate a Covid-19 e, desse número, 403.858 completaram a vacinação com a segunda dose.
“Com vacinas disponíveis, podemos considerar a Covid-19 uma doença imunoprevenível. Isso significa que essas mortes podem ser evitadas com uma política pública de vacinação em massa”, afirma a coordenadora do Observa Infância, Patricia Boccolini.
Vale lembrar que em julho de 2022 a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso emergencial da CoronaVac para crianças de três e quatro anos. No mesmo ano, em 16 de setembro, a Pfizer recebeu a mesma aprovação para uso em bebês e crianças de 6 meses a 4 anos, mas o uso está sendo restrito ao público com comorbidades.
Outro possíviel empecilho pode ser a oferta desigual de vacinas, já que uma em cada cinco cidades brasileiras relatou falta de doses para vacinar crianças.